quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bombocado Paulista, pode ser?

Semana passada foi bem corrida e me dei conta de quanto estava cansada quando o nível de "estabanamento" estava perceptivelmente acima do normal. Comecei a esbarrar em móveis, copos e confundir as coisas além da média aceitável por semana. A desconexão entre os ticos era tal, que no finzinho me peguei tentando tirar o esmalte com demaquilante.

Estava precisando do conforto de um chá e da TV, sem movimentos bruscos e objetos delicados por perto, e um bolo, quem sabe.

Me lembrei do outro souvenir que trouxera de Gonçalves. A receita do bombocado mineiro que comemos deliciados no café da manhã do último dia de estadia. A receita, que me foi passada pela dona da pousada, veio acompanhada dos bombocados que sobraram do café e que não demoraram muito para serem devorados assim que viramos a primeira curva rumo à SP.

O passo a passo parecia ser extremamente fácil. Leite condensado, coco ralado, ovos e manteiga. Mistura tudo e coloca no forno até ficar dourado em cima. Algo passível de uma criança fazer. E lá fui eu, cheia de segurança, fazer o bolo, que logo começou a cheirar a casa toda.

Bombocado pronto, rabinho entre as pernas. Nem de perto ficou igual ao original. A massa colou no fundo da assadeira fazendo esmigalhar todo o bolo...o sabor ficou ótimo, mas ele ficou feio.
Por hora me dei por satisfeita, e comi o bombocado de colher.

No dia seguinte, já sem o bombocado (Rafa e eu comemos tudo do sábado para o domingo) e não conformada dele ter dado errado (ou talvez seguindo impulsos do meu inconsciente guloso que queria só mais um pouquinho) resolvi fazer uma segunda versão. Com novos ingredientes em mãos lá fui eu fazer a segunda tentativa.

E...

...ficou melhor, mas ainda não ideal. A referência que eu tinha era de um quadradinho molhado/e fofinho/e consistente. A minha versão estava molhada/e fofinha/e esmigalhada, menos que a versão I, mas ainda esmigalhando.

Passou domingo, passou segunda, terça dia rodízio cheguei mais cedo em casa e dei de cara com alguns últimos quadradinhos do bombocado esmigalhado me lembrando do meu insucesso. Não sei se foi mais um impulso do inconsciente vidrado no bombocado, ou o último suspiro de determinação, mas lá estava eu tentando fazer a versão III. Reli rigorosamente todas as CINCO linhas da receita, deixei o forno a exatamente a 180 graus (nem um tiquinho a mais ou a menos), untei a forma como Monet pintando um quadro, tratei da massa como se fosse um recém nascido.

E...

Finalmente...

...Cheguei a conclusão que esse bombocado só se desenvolve plenamente no seu habitat natural. Ou seja, depois de 6 latas de leite condensado em menos de 4 dias, eu desisto. Ou melhor, me dou por satisfeita com essa nova versão paulistana e que, mesmo não ficando perfeita, deixará poucas migalhas para contar a história.

Bombocado (receita repassada pela Kátia dona da pousada Vilarejo em Gonçalves)
Ingredientes

2 lata de leite condensado
3 ovos
250 grama de coco ralado
2 colheres de manteiga

Misture todos os ingredientes (na mao mesmo). Unte uma forma ou pirex (fiz o teste nos dois, não sei se de fato tem diferença, mas achei que no pirex grudou menos). Ligue o forno no momento que for colocar a assadeira, assim a massa vai cozinhando aos poucos. Deixe assar por uns 20 minutos, até a massa ficar dourada por cima. Boa sorte!